2006/10/25
O Outono dos impérios
Rui Ramos no Público.
"(...) Há lições a retirar destas histórias do pós-estalinismo e da descolonização? Talvez. Por exemplo, que qualquer relação baseada num desnível de poder, mesmo que para suposto benefício do tutelado, pode tornar-se problemática para ideologias que assentam na ideia de libertação igualitária da humanidade. Há assim inevitavelmente um momento em que ainda se desejam os fins, mas já não os meios: é o princípio do fim. Mas a questão mais interessante destes cinquentenários é outra: se a história do comunismo e da influência ocidental ficaram escritas há 50 anos, porque é que ninguém aprendeu nada? Depois de Budapeste, houve Praga. Depois do Suez, o Vietname. O comunismo europeu caiu em 1989, mas subitamente, sem que ninguém o tivesse previsto, e depois de passados 33 anos. O passado pode dar-nos lições, mas não nos dá certezas. Daí que o fim, mesmo das coisas condenadas, demore muito tempo. Por vezes, o tempo suficiente para se parecer com a eternidade."
"(...) Há lições a retirar destas histórias do pós-estalinismo e da descolonização? Talvez. Por exemplo, que qualquer relação baseada num desnível de poder, mesmo que para suposto benefício do tutelado, pode tornar-se problemática para ideologias que assentam na ideia de libertação igualitária da humanidade. Há assim inevitavelmente um momento em que ainda se desejam os fins, mas já não os meios: é o princípio do fim. Mas a questão mais interessante destes cinquentenários é outra: se a história do comunismo e da influência ocidental ficaram escritas há 50 anos, porque é que ninguém aprendeu nada? Depois de Budapeste, houve Praga. Depois do Suez, o Vietname. O comunismo europeu caiu em 1989, mas subitamente, sem que ninguém o tivesse previsto, e depois de passados 33 anos. O passado pode dar-nos lições, mas não nos dá certezas. Daí que o fim, mesmo das coisas condenadas, demore muito tempo. Por vezes, o tempo suficiente para se parecer com a eternidade."