2006/09/18

Re. A.J.P. TAYLOR: UM HISTORIADOR POUCO RECOMENDÁVEL

Cara Patrícia Lança, porque não tenta argumentar um pouco sobre o que está em causa e deixa de lado as técnicas de "smearing" tão tipicamente neo-con.

Confunde-se o realismo de Taylor com preferências ideológicas (deixou cedo de ser comunista passando para o Labour).

Basta ler apenas as introduções de AJP Taylor para ficar esclarecido sobre as suas posições (e a sua qualidade).Por exemplo, a que fez ao livro de John Reed sobre a revolução russa, "Dez dias que mudaram o mundo", e consegue ver que não contém absolutamente nenhuma glorificação da "revolução". Aliás, esta introdução tinha sido pedida na edição original e depois recusada, percebe-se pela falta de adesão e "revisionismo" crítico dos actores e do processo. Foi publicada mais tarde com o livro apenas porque os direitos de autor caducaram.

AJP Taylor era de facto um realista de esquerda (e cedo anti-estalinista) [ao contrário dos ex-trostskistas que continuam a praticar o trotskismo nos dias de hoje vestidos de direita, intoxicados pela sua ideologia internacionalista, revolucionária e iluminista, o anti-semitismo substituído pela islamofobia, e indutores da escalada "de excepção" securitária e militarista].

[adenda: esta parece-me ser uma caracterização dos mais acérrimos "opinion-makers" dados como neo-conservadores, porventura os de 2ª geração. Não estou a afirmar que muitos liberais são neo-conservadores nem que Patrícia Lança o é (e já agora, que não seja possível encontrar opiniões válidas no neo-conservadorismo), algumas ideias e resultados confundem-se (no sentido de resultarem no mesmo) por vezes, mas percebe-se que partem de pontos diferentes - o que acaba por fazer uma importante diferença]

Historiadores de "direita" pró-Império como Neil Fergusson defendem hoje as mesmas (ou do tipo) teses (por exemplo, o erro da Inglaterra ter entrado na "WWI"), mas mais tarde.

É bom reparar que o seu provável herói Churchill, (capaz de comentários do mais puro anti-semitismo e racismo), fomentou a aliança com Estaline depois do mundo saber das suas atrocidades nos anos 30 e de ter igualmente invadido a Polónia com práticas de genocídio. No fim, sabemos que Estaline ganhou e o Império Britânico caiu. Falemos de cegueira germanofóbica.

O "realismo" e alguma moralidade podia ter conseguido que Hitler e Estaline se destruíssem mutuamente. Chamberlain o que conseguiu foi tempo para o rearmamento e a França e Inglaterra tinham os meios para a defesa, mas não para se meterem num conflito a Leste, tomando a iniciativa de declarar guerra por causa da Polónia (em vez de esperarem), que acabou no fim nas mãos de Estaline. Especulação? Sim, mas vale a pena colocá-la.


Taylor que, lendo os seus livros sobre Bismarck, a monarquia dos Habsburgs, a história alemã, não se lhe nota especial germanofobia, e apenas defende (como Thatcher) que os alemães têm uma capacidade especial para a tragédia. De resto, escreve História como não sabia ser possível escrever.

Aquilo que lhe noto de socialismo é acreditar no Keynesianismo, do tipo, a despesa pública ajuda a economia privada em tempo de crise. Mas nisso, todos os primeiros ministros do "Ocidente" acreditam também.
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