2006/08/10

"A Brisa da Mudança"

de Ken Loach, argumento:

"Irlanda 1920: trabalhadores da cidade e do campo unem-se para formar uma guerrilha armada para enfrentar os impiedosos esquadrões "Black e Tan" que, chegados de Inglaterra, irão bloquear a tentativa de independência irlandesa. Guiado por um forte sentido de dever e amor pelo seu país, Damien abandona a sua promissora carreira como médico e junta-se ao seu irmão, Teddy, numa perigosa e violenta luta pela liberdade. As ousadas tácticas dos lutadores pela liberdade levam os ingleses a um ponto de ruptura e ambos os lados finalmente concordam em assinar um acordo para evitar mais derramamento de sangue. Mas, apesar da aparente vitória, irrompe a guerra civil e membros de famílias que lutaram lado a lado estão agora uns contra os outros, encarando-se como inimigos e pondo a sua lealdade à prova. "Brisa de Mudança", o último filme de Ken Loach, ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2006."

Notas várias:

* Diria que para variar, ver os Britânicos a fazer o papel de tiranos até quase sabe bem. Eu que até acho que o nosso único aliado é e só pode continuar o que resta do Império, e não própriamente o "atlantismo" (uma estratégia de curto prazo pelo Império do momento que nunca vai saber sequer onde fica Portugal), fico sempre espantado como todos no século 20 eram expansionistas e imperialistas (os alemães na WWI quando quase nenhumas colónias tinham, o Japão na WWII por causa de uma presença na Manchúria, etc) e o maior Império que a civilização conheceu, sempre os defensores desinteressados da civilização desde a "WWI". Mitologia ingénua típica churchilliana.

* O filme deixa transparecer as contradições dos movimentos independentistas quando simultâneamente assaltados pelos ideais socialistas. Creio que não foi intencional em Ken Loach.

* Seriam "grupos armados ilegais"? Terroristas? A Irlanda teria conquistado a independência pelos métodos pacifistas que os proclamados anti-pacifistas dizem ser os únicos legítimos (ou seja, parece que tudo o que se constitui fora de um Estado é ilegitimo mesmo que tenha um carácter muito mais voluntário)?

* As disputas de soberania não devem ser misturadas com ideologia política. O desejo de soberania parte da vontade em resolver os assuntos dentro de uma "casa" menor, mais homogénea. Não que muitos problemas desapareçam com essa soberania. Até pelo contrário.

* Por isso, acho tão pouco apropriado dizer-se que se faz a "luta pela liberdade" num caso destes como no caso da invasão ideológica do Iraque. Soberania é apenas isso, soberania. Ainda assim, fica um pouco mais ridículo no caso do Iraque.

* Todos os Estados são Nacionalistas, democráticos ou não. Apenas uma Ordem Natural de livre contrato e propriedade é não discriminatória.
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